Mulheres sempre tiveram de ser caladas. Submissas ao julgo, emburrecidas. Comprimidas num espaço no qual nunca caberiam. Sempre encontrando fios de poder através do insuspeito - da casa, do marido, da prole varonil - por sua habilidade de manipular o disponível.
Guiadas, porém, à contrição, desencorajadas ao reconhecimento.
Quando mais evidente esteve seu poder, ameaçador, mais repressivo tornou-se o meio. Foi necessário abatê-las, caçá-las. Quando não mais por putas, por bruxas. Quando não por bruxas, por loucas. E quando não por loucas, por putas.
A maioria de si, com os espelhos mais embaçados, aprisiona-se pelo onipotente e disfarçadamente sutil status criado no início dos tempos, desde a ocultação de Lilith. As que, por brecha às restrições, rebelam-se ao irreconhecimento, buscam ser imagem, refletir, através da luta ou resiliência objetiva.
O fato é: algo temeroso reside na natureza feminina. Algo grande e poderoso que se opõe gradativamente à opressão.
Nos restará a todos a previsível incapacidade de negá-lo.
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